Quando se fala de universo corporativo, o assunto mais na modinha atualmente é o tema diversidade, principalmente neste mês de junho. Mas como meu amigo Ricardo Sales diz, “pode estar na moda, mas não é modismo”. Falam de diversidade e inclusão.
Eu falo de inclusão DA diversidade.
Mas de que diversidade estamos falando exatamente no que diz respeito aos grupos de afinidades que vemos constituídos dentro das empresas? Praticamente todas elas possuem o eixo LGBTQIA+ dentro dos seus comitês, certo? Quais profissionais dentro da sigla são contratados? Pensamos em interseccionalidades e demais marcadores ao trazermos esses talentos para dentro de nossos espaços?
Pior ainda é o cenário nos ambientes que se dizem inclusivos, que ganham prêmios e mais prêmios, e se dizem LGBTQIA+. O que vejo? Uma maioria de gays brancos, cisgêneros e que parecem que frequentam até a mesma barbearia. Pouquíssimas mulheres lésbicas. Bissexuais quase não aparecem. E profissionais transgêneros raramente, muito raramente mesmo, são contratados.
O motivo para serem empresas inclusivas? Dá retorno midiático, agrada o mercado e os consumidores, aumenta-se a responsabilidade social e agrega-se muito valor (e dinheiro) à marca.
Mas ser uma empresa inclusiva, de fato, é ser mais que isso. É mais que dar festas, fazer cartilhas, chamar CEO para assinar termos e pactos com a comunidade e pintar tudo com as cores do arco-íris (e somente em junho!)
Ser uma empresa inclusiva é perceber que, mais do que tratar com igualdade, devemos tratar com equidade as questões da diversidade e buscar ações afirmativas para diminuir as barreiras de desigualdades gigantes que existem. É também rever se sua missão, seus valores, seus propósitos e sua cultura organizacional colocam o ser humano como prioridade.
Uma empresa inclusiva é aliada dos movimentos sociais existentes e apoiadora das lutas que esses grupos assumem para conseguir ter direitos garantidos, como qualquer outro grupo.
O Brasil é constituído na sua por uma maioria de mulheres, negros e pobres. Toda ação de inclusão real em uma empresa precisa ser feita levando isso seriamente em conta.
Sei que pode parecer complexo. Mas tomar consciência de que a sua empresa não é inclusiva é um ótimo recomeço.
E como sugestão, pare de dizer que faz inclusão LGBTQIA+ sem ter pessoas transgêneras dentro de sua empresa. Fale, quando muito, de inclusão GLB (bem nesta ordem), tudo bem?
Texto escrito para a coluna Gênero e Número - acesse todos os artigos de Maite Schneider indo em https://www.generonumero.media/author/maite-schneider/
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